Ela tem o rosto doce e forte, como o de Alice, Sorriso encantador... Escreve, escreve, escreve... e como é gostoso ler o que ela escreve, estou falando da Deborah Pimenta, a @Deka_Pimenta, autora do livro 'A pedra no sapato e do blog Pedra do Sapato. E tantas colunas e textos nos blogs amigos nesse mundão de internet.
1. Você parece aquelas meninas super bem educadas , ‘feitas’ para ser e fazer tudo sem
nunca perder a graça, a classe. A menina que vai às aulas de piano, francês e literatura
inglesa. Como foi sua relação com a literatura desde criança?
Meus pais vão gostar bastante de saber disso hahahaha. Eu fui muito bem educada, sim. Porém, embora rígida, minha educação foi pouco intelectualizada. Cresci em uma casa sem televisão e meu pai não assinava jornais ou revistas. Acho que meu interesse por livros surgiu mais por sempre ver minha mãe com algum nas mãos. A curiosidade e vontade de ser igual a ela me incentivaram a pegar as primeiras leituras. Lembro que minha mãe sempre pegava livros infantis na biblioteca da escola, para mim, também. Eu era grande fã da série Vagalume e me gabava de ter lido todos os que ficavam na contracapa dos livros mais antigos.
2. E quando descobriu que gostava de escrever?
Descobri quando estava na quarta série. Minhas redações sempre eram as mais longas e detalhadas. Os professores davam limite mínimo de linhas para a classe e limite máximo para mim. Sentia um certo desânimo na professora, quando ela pegava o meu caderno pra corrigir. Eu esperava ansiosamente pelos exercícios de escrita, dos livros didáticos, e lia todos os livros paradidáticos do currículo, na primeira semana de aula. Pensando bem, agora entendo porquê me chamavam de CDF...
modo especial nos contos. Quando você percebeu sua escrita como entretenimento? E
daí à idéia de um livro, como chegou?
Foi só depois da faculdade que eu percebi a escrita como minha vocação. Eu já tinha notado que eu possuía maior facilidade com a redação do que meus colegas, mas nunca tinha me dado conta do quanto isso me realizava. Foi aí que eu comecei o blog. Inicialmente, para ter um link para passar quando alguém me perguntasse o que eu escrevia. Mas depois, percebi que os contos me faziam bem. Eu tinha planos de publicar um livro, mas naquele futuro que a gente só fala dele. Foi quando a editora Navilouca encontrou meu blog e me fez a proposta. Eu nem tinha projeto, nada! Acabamos publicando os contos do blog mesmo.
4. Livro lançado, sucesso, amigos prestigiando. Muito lendo. Como foi o ‘after’
lançamento, a relação com as críticas, a sensação de ter soltando ‘seu filho no
mundo’?
Por mais pessoas que se conheça, é preciso vender o livro. Ele não se vende sozinho. É necessário avisar todo mundo, insistir, falar bem, ser chato. Acho que deve ser mais fácil vender plano funerário pra alguém, do que livros. Porque plano funerário é necessário e livro é considerado supérfluo. Mas, por enquanto, todas as pessoas que leram têm me passado um feedback muito positivo. Eu fico meio desconfiada, pois são pessoas que me conhecem e podem ficar melindradas em criticar, mas não vou negar que isso me motiva a continuar escrevendo.
5. Eu ainda não li “ A pedra no sapato “ uma falha, mas sei que o Enrique_Sgobi está
lendo pra escrever sore. Qual a sensação?
Sensação de decepção, mocinha. Pode fazer o favor de ler meu livro. Hmpf.
Falando sério agora, cada vez que sei que alguém está lendo o que escrevo, fico tensa. Porque aquilo é mais do que um punhado de palavras. São minhas experiências e minha expressão. Sempre fico ansiosa pra saber o que a pessoa achou.
6. E claro, a pergunta inevitável: - Já está trabalhando no próximo? Faria ou está fazendo
algo diferente (no que diz respeito a processo, desenvolvimento, etc)?
Já. Devagar, quase parando, mas estou. E está lentinho desse jeito porque é algo completamente diferente do que estou acostumada a fazer, destinado a um público bem mais jovem do meu habitual. Ainda não consegui acertar a linguagem, mas a história é boa, juro! E estou me empenhando ao máximo para acertar o tom. E por “me empenhando” entenda: estou pensando diariamente sobre isso. Acho que escrever é muito mais raciocínio, do que pegar a página e datilografar o texto...