quinta-feira, 1 de março de 2012

Pedro Caetano, o artista.

Quando pensei nesse blog, e socializar arte foi exatamente o que esse post vai fazer: trazer o artista de verdade e dá-lo ao público de presente. Não que com isso me ache a 'fodona das interwebs', mas eu sei que a cada um que receba e se deixe alcançar, vai ter uma doce surpresa.

Hoje eu apresento o Pedro Caetano. Um querido amigo de Maceió, nos conhecemos através da arquitetura e logo a botecagem e a música nos aproximaram. Hoje o Pedro é artista plástico: pinta. Eu fiz umas perguntas e segue a conversa que tivemos na íntegra junto com algumas de suas telas, e em seguida o link para sua galeria de imagens:

As Marias Bonitas
"O contato com o universo da arte aconteceu muito cedo e de forma muito natural através da música sempre presente na casa dos meus pais, ora como plano de fundos aos acontecimentos, ora como agente aglutinante de amigos. Sempre tinha um violão num canto da sala, ou algum amigo da família ou que era músico ou que tinha intimidade com algum instrumento musical.

O desenho surgiu talvez de forma simultânea que a música. Porém ambos de forma muito informal. Gostava das aulas de desenho-livre, que muitos pais julgam inúteis, diferente das matérias de lógica, ciências. Como afirma Betty Edwards, Isto demonstra desde cedo que a nossa educação se detém em demasia nos valores racionais, não querendo fazer nenhuma espécie de aversão ao racionalismo e ao pragmatismo que tanto ajuda nossas vidas, mas apenas uma ressalva de que nós necessitamos também de uma educação que alimente nossa imaginação, que também desenvolva nosso lado cognitivo, nossa percepção das coisas, e que nos torne mais criativos.

Porque negar a criatividade?

A Criatividade não é uma coisa restrita apenas aos artistas ou pessoas que trabalham com criação, a criatividade pode ser usada na vida de qualquer pessoa para a resolução de problemas de qualquer natureza. Então acredito que existe esta lacuna ausente na formação das pessoas. Onde a educação deve cumprir este papel. Voltando ao assunto “apanhei” para aprender a escrever, fui o último da sala... Sempre tive mais facilidade com o mundo das imagens, mas nem por isso rejeitei a importância da lógica.
Então eu acredito no poder de transformação que a arte e a educação possuem, acredito que tornam as pessoas melhores, porque da mesma forma que o corpo tem necessidade de se alimentar, nosso espírito precisa de se alimentar de cultura, música, literatura...etc.
Quem é que ia agüentar viver sem ouvir música? Sem ver um filme? sem alguma coisa que elevasse o nosso espírito diante da realidade que tantas vezes se torna uma mesmice?
Portanto eu concluo que arte não é inútil e muito menos coisa fútil. Agora a inutilidade, o lixo também pode servir de matéria prima para inspirar uma idéia, o projeto da casa...um papel amassado pode revelar uma forma...sei lá.
Um de vós


Democratizar a arte num país de terceiro mundo é realmente um desafio, por conta da situação em que poucos tem acesso a informação, em outras palavras o povo não tem nem o que comer, como é que eles vão querer saber de porcaria de arte? Nunca. Primeiro tem que matar a fome. Mas isso já é outro assunto.

Antes de fazer o curso de arquitetura pensava em ser músico, mas não deu pra mim, e vi logo que não era pra mim,e fiquei só nas rodinhas de violão mesmo hehehe!(só sabia que tinha vontade de expressar muita coisa), então...
...escolhi a arquitetura como minha profissão pela relação que a mesma possui com os desenhos, mas logo me certifiquei enquanto estudante de que a profissão não permite tanta liberdade criativa assim... E sim pé nó chão, racionalismo, funcionalismo além de adequar a questão estética é claro. Alem disso é produto de um mercado de uma série de questões variáveis que não são definidas única e exclusivamente pelo arquiteto, que por isso, a meu ver, não merece o status de arte.
Em arquitetura quem é o artista é o mercado, o cliente, e o dinheiro que no final das contas é quem determina tudo, e isso não é uma ironia.
Hoje tenho a pintura sempre ao meu lado como equilíbrio e quase necessidade fisiológica... Parafraseando Pessoa, Criar é preciso, viver nem tanto. Uso a pintura para exercitar minha imaginação, personalidade, minha ficção. É onde eu acho respiração e liberdade.
Então procuro exercer meu lado pragmático e lógico fazendo arquitetura, enquanto na outra mão eu tenho a pintura que faz com que exercite a imaginação, liberdade, e o descontrole.
Cadeiras e pensamentos 100 x 170


O momento da criação é sempre muito inconstante, inesperado. É um momento também de aflição porque você se depara com uma tela em branco e ela te pergunta: e aí? Voce vai fazer o que em mim? Então eu vou ‘fazendo’, não pode pensar muito não, caso contrário fica robotizado e artificial, quase uma mentira. Agora não estou pintando com tanta freqüência porque a vontade vai acumulando, e vem mais forte, é parecido com mijar. O problema é saber quando ela está pronta, o quadro tem que me convencer, se alguém achar bonito ou legal, mas não me convencer, não adianta. Tenho que mudar e continuar, senão será uma mentira. Então eu me guio pela satisfação para dar cabo a um quadro.

Somos todos influenciados por tudo, por nossa cultura, nosso momento histórico, político, somos influenciados conscientemente e inconscientemente.
Dos pintores que tenho influência ou que admiro, lembro de Gil Vicente, Aldemir Martins, Antonio Bandeira, Di Cavalcanti, Francisco Brennand, Jean Michel Basquiat, e obviamente Matisse e Picasso.
Nordestália


Não sei se cabe definir o que eu faço, até porque eu não sei.  Vou explicar porque. Muita gente costuma diferenciar a grosso modo a pintura de duas formas: a figurativa e a abstrata. Eu procuro uma situação intermediária porque eu vejo abstração na figuração e figuração na abstração. Ao mesmo tempo gosto de usar a pincelada não prevista, a mancha que não se contém, isto é, procuro dar espaço ao improviso e a liberdade. Segundo Bobby Mcferrin, a criatividade está no equilíbrio entre o improviso e a técnica. Se você controle demais o processo com a técnica, você não tem alma, fica robotizado, você não tem nada. Da mesma forma que se você fica sempre dando voz ao improviso toda hora, você não tem disciplina, e não tem técnica. Eu procuro esse equilíbrio nos meus quadros, entre técnica e emoção e entre figuração e abstração. Então pode ser uma pintura emocional, figurativa mas também abstrata que possui técnica...não sei se classificação diz alguma coisa... o que importa é ver, sentir, ouvir e viver.
O macho, a fêmea, o bicho e a flor...meu amor


Tenho orgulho de várias telas. É muito difícil escolher uma só. É mais fácil escolher uma de cada série. Existe grande apego emocional.

O melhor quadro é sempre aquele que a gente ainda vai fazer, aquele que vai dar continuidade a minha atividade de pintor...porque se ele já foi feito, não tem porque pintar mais, não é mesmo? Então eu não tenho o melhor quadro, mas sim alguns dos quais me orgulho de ter feito." 


Pedro é Cearense de nascimento e segundo sua amiga Flora Vaz
 " cresceu e descobriu o mundo em Alagoas".   
Quer ver mais obras do Pedro? Acesse seu álbum no Flickr do Botequim, que vai ser sempre alimentado à medida que ele envie as imagens. Aprecie.

Quer ver as telas do Pedro de pertinho?
Dia 19 de Abril na Fundação Pierre Chalita, em Maceió.

Quer manter contato com Pedro?
Acesse seu Facebook.

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